segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Se toca!

A responsabilidade de cada um
 
Desde que ouvi uma vizinha reclamar que a porta do hall de entrada do meu prédio estava fechada, não paro de pensar no quanto as pessoas não assumem a responsabilidade que é delas. Porque eu tenho certeza que se tiver uma invasão ao prédio, ela e todos os outros moradores vão culpar a segurança e a administração e, magicamente, vão se esquecer de que é obrigação de quem mora manter as portas fechadas. Veja bem, obrigação, não dever. Se você escolhe morar em apartamento porque é mais seguro, precisa ajudar pra que isso ocorra.

Mas essa história da responsabilidade de cada um extrapola os muros de um condomínio e vai embora rua afora. Se dentro de casa já vemos ações desse tipo, imagina na rua. E não preciso ir longe. Todos os domingos, quando há feira em frente de casa, os cidadãos saem de sua casa de bermuda e camiseta para comprar frutas e legumes. Os que moram mais longe, vão de carro. E, vejam só, estacionam no ponto de ônibus. Será que domingo não tem ônibus? Ou vale aquela idéia de que é rapidinho? E aí começa aquele círculo sem fim. Carro parado no ponto de ônibus; ônibus parando em fila dupla; carros buzinando atrás e por aí vai. Confusão na certa. 

No caminho para o trabalho, um carro liga a seta, espera eu atravessar a rua e, na maior cara de pau, estaciona em cima da faixa de segurança. Às 18h, pais, maridos e namorados param em fila dupla para esperar quem enfrentou o metrô lotado. E ficam dentro do carro, rádio ligado, olhando o celular, tudo para não encarar as pessoas do lado de fora, que precisam fazer malabarismos para atravessar uma rua ou simplesmente continuar seu caminho. 

Ainda no caminho para o trabalho, um colchão é largado na calçada e, dia após dia, posso acompanhar sua degradação. De repente, está queimado e cheio de lixo em cima. Sim, porque se ele já está lá, alguém, algum dia, vai retirá-lo. Então, posso jogar o pacote de salgadinho ou a lata de refrigerante porque é como se estivesse no lixo. Deve ser esse o pensamento de quem toma esse tipo de decisão.

Isso tudo sem contar o cara com o MP3 do celular ligado em alto e bom som para todo mundo escutar dentro do metrô; o outro parado na porta, como se ninguém mais precisasse entrar e sair; a moça sentada no banco, com os olhos fechados, enquanto a senhorinha ou a grávida se equilibram em pé mesmo. 

Daí eu fico pensando que diabos esperamos que aconteça? Tudo bem que educação não cai do céu, a saúde do país é uma droga, nosso políticos são corruptos, nosso dinheiro vai financiar estádio e pagar uma copa do mundo e agente nem pode saber quanto dele vai ser usado porque os dados são secretos. São bons motivos para desencanar geral e apertar o foda-se. Mas convenhamos que todo mundo quer seus direitos mas não está nem aí para o que é obrigação. Todo mundo quer um trânsito melhor, menos violência, metrô mais confortável e ruas mais seguras. Mas parece que o desejo não exige contrapartida. Alguém vai me dizer ‘Ah, mas a gente já paga um monte de imposto”. Só que essa responsabilidade da qual eu falo, tem mais a ver com valores. Você paga imposto para ter uma coleta de lixo decente, o que não significa que os lixeiros precisam sair por aí catando cada papel de bala ou colchão que as pessoas largam pelas ruas.
                                                                                                                        (Maisa Infante)
 
Esse texto me fez refletir muito sobre os meus atos e sobre o que eu penso em relação ao meu país, tomara que também surja algum efeito em vocês leitores.
 
Postado por Tainá

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